Kung fu, antes de ser uma luta, é uma arte. E como toda arte, existem várias formas de expressá-la. E isso é o que mantém o kung fu vivo há tantos anos.
Existem estilos para todos os gostos: acrobáticos, práticos, que desenvolvem a energia interna, que desenvolvem energia externa, com poucos e efetivos golpes, com muitos golpes que permitem milhares de combinações e contra-combinações, e por aí vai.
O kung fu é rico demais para concentrar todas as suas vertentes em um só estilo. E existem diferenças entre objetivos de estilos também. A perfeição das acrobacias e altura dos chutes de um estilo do norte exige uma base diferente da firmeza e segurança dos socos de um estilo do sul. Um estilo focado em competições de contato e/ou semi-contato não poderá demonstrar movimentos semelhantes a um estilo focado em competições de formas com ou sem armas.
Como disse Yp Man, criador do estilo mais praticado de Wing Chun do mundo: “O problema não é o estilo, é você”. Cada estilo atende a uma necessidade, basta você descobrir quais são as suas e se elas se adaptam ao estilo praticado.
Algumas vezes, vemos estilos que utilizam movimentos muito diferentes daqueles que estamos habituados. Não tem problema, provavelmente, esses movimentos vão se encaixar e formar novas combinações que, por sua vez, enraizam um estilo novo. Kung fu é mais do que uma sequência de movimentos. Vide o Jeet Kune Do, por exemplo, que deixa de lado os katis. E quem se arrisca a dizer que o estilo criado por Bruce Lee não é kung fu? A verdade é simples, mas difícil de entender: “Tudo é kung fu” como disse nosso shifu uma certa vez.
Portanto, você que chegou até aqui na leitura esperando uma resposta certeira para qual é o melhor estilo de kung fu, sinto muito, não é tão fácil assim. Na verdade, nunca é, pois se é fácil, ai sim podemos ter uma suspeita de que não é kung fu.